quinta-feira, 17 de outubro de 2013

'Greve dos petroleiros não tem prazo para acabar'', diz FUP


Coordenador na Federação Única dos Petroleiros afirma que trabalhadores só voltarão ao trabalho se reivindicações forem atendidas

Por Keila CÂNDIDO

A cinco dias do maior leilão de petróleo já realizado pela Petrobras, trabalhadores paralisaram as atividades nas refinarias e plataformas em vários estados brasileiros. A ação dos petroleiros pode ameaçar a realização do leilão do Campo de Libra, localizado na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, marcado para a segunda-feira 21. A suspensão do leilão é o principal motivo da greve. "Não vamos voltar ao trabalho enquanto o governo não atender ao nosso pedido", diz João Antônio de Moraes, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP).  De acordo com a entidade, até às 14h desta quinta-feira 17, 39 plataformas da Bacia de Campos, responsável por 80% da produção da Petrobras, aderiram ao movimento.

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GREVE: trabalhadores querem suspensão de leilão de Libra
 
Três exigências compõem a lista de reivindicações dos petroleiros. A primeira delas é de que o leilão não aconteça. Segundo Moraes, ações movidas pela entidade pedindo a suspensão da rodada tramitam no judiciário e no legislativo. Na semana passada, sindicados filiados à FUP também entraram com a mesma ação. Moraes justifica a tentativa de impedir que o leilão aconteça: “O petróleo é da população brasileira e vamos lutar para que a governo não deixe isso nas mãos de empresas estrangeiras.”
  
Os trabalhadores querem ainda que o Projeto de Lei 4330, que permite a terceirização de todas as atividades da empresa, seja arquivado. "A terceirização torna precárias as condições de trabalho", afirma. De acordo com Moraes, uma pessoa morre, em média, por mês em acidentes de trabalho na Petrobras. De acordo com levantamento feito pela FUP, desde 1995, mais de 300 pessoas morreram em operações da companhia e muitos deles eram prestadores de serviço. Procurada, a Petrobras não quis se manifestar sobre o assunto, apenas disse, em comunicado, que o Projeto de Lei 4330, não cabe seu posicionamento.
 
Outra reivindicação é a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho de 2013 (ACT 2013), que rege as condições de trabalho da categoria. O acordo inclui o reajuste salarial que repõe a inflação, com 5% de ganho real.  A Petrobras, disse, em nota, que “realizou uma série de reuniões com as entidades sindicais e apresentou sua proposta ao longo das últimas semanas."
 
Segundo a companhia, foi feita uma proposta de reajuste de 7,68% e uma gratificação equivalente a uma remuneração e que as propostas também inclui cláusulas sociais relacionadas ao plano de saúde, benefícios educacionais, segurança, condições de trabalho etc. “A Petrobras afirma que está aberta ao processo de negociação com as entidades sindicais sobre o ACT  2013”, diz o comunicado.
 
Na manhã desta quinta-feira, em São Paulo, a FUP cobrou da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), a suspensão do leilão de Libra. Segundo a diretora-geral da entidade, Magda Chambriard, a rodada não será adiada. "Não existe nenhuma possibilidade de ser adiado o leilão", afirma. De acordo com Magda, haverá forte esquema de segurança.
 
Participam da greve trabalhadores filiados à FUP, que é ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e também operários ligados a cinco sindicatos independentes. Cerca de 150 manifestantes, pertencentes a movimentos sociais e trabalhadores do setor de petróleo, ocuparam a entrada do prédio do Ministério de Minas e Energia (MME). A Petrobras disse, em nota, que “tem como prática nesse tipo de mobilização tomar todas as medidas necessárias para garantir suas operações de modo a não haver qualquer prejuízo às atividades da empresa e ao abastecimento do mercado, sendo mantidas as condições de segurança dos trabalhadores e das instalações da companhia.”
 

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