sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Futuros de açúcar voltam a atrair grandes tradings

 
 
Por Leslie Josephs | The Wall Street Journal, de Nova York

Preocupações em torno da confiabilidade do fornecimento de açúcar no mercado global têm levado grandes tradings de commodities a se voltarem novamente para o mercado futuro da commodity.

Uma unidade da Louis Dreyfus Commodities BV sediada na Holanda recebeu cerca de 1,49 milhão de toneladas do produto na terça-feira, maior volume para entrega ligada a um contrato futuro de açúcar em pelo menos 24 anos, segundo a bolsa americana ICE Futures. A empresa não quis comentar a compra.

Foi a segunda grande entrega deste ano. Em maio, 1,43 milhão de toneladas de açúcar foram entregues na liquidação de contratos daquele mês para a americana Cargill e outras tradings.

Esses movimentos são incomuns porque, historicamente, a ICE Futures, em Nova York, é usada por produtores, consumidores e tradings de commodities basicamente como um instrumento de proteção contra oscilações de preços. Poucos contratos futuros são liquidados por intermédio da troca por commodities físicas.


Mas, neste ano, há traders que temem que problemas logísticos e o maior volume de cana usada para produzir etanol nas usinas do Brasil, o maior produtor de açúcar do mundo, prejudiquem o fornecimento da commodity.

A vantagem de receber o açúcar de uma bolsa de futuros recai nas regras estritas do processo de entrega, que é supervisionado pela própria bolsa, dizem analistas e operadores. A bolsa exige que o açúcar seja entregue em um prazo de dois meses e meio a partir do início do mês de contrato e que o açúcar fornecido tenha sido produzido nos últimos 12 meses. Além disso, estabelece multas para eventuais atrasos ou cancelamentos das entregas.

"Não há inadimplência" no mercado futuro, disse Michael McDougall, vice-presidente sênior da corretora Newedge.

Neste ano, os gargalos em portos no Brasil atrasaram o embarque de muitas commodities. Além disso, os baixos preços do açúcar, que beiram o nível mais baixo dos últimos três anos, levaram muitas usinas brasileiras a destinar mais cana para a produção de etanol. Assim, embora as usinas estejam processando mais cana do que no ano passado, o crescimento da produção de açúcar foi menor.

"Obviamente, se houver um problema com o Brasil nos próximos meses, [a Louis Dreyfus] terá em suas mãos uma grande quantidade de açúcar do país", disse James Liddiard, vice-presidente sênior da consultoria nova-iorquina Agrilion Commodity Advisers.

A unidade da Louis Dreyfus está recebendo 29.344 lotes no valor de cerca de US$ 574,5 milhões ao preço de terça-feira, de US$ 0,1748 a libra (454 gramas), segundo dados da bolsa. Mais de dois terços do açúcar entregue veio do Brasil, segundo a bolsa. Um dos fornecedores foi a Copersucar, de acordo com fontes a par do assunto.

As notícias sobre a entrega ajudaram a empurrar os futuros de açúcar para os maiores preços de fechamento desde 20 de março na terça-feira e ontem houve novos ganhos em Nova York. Os papéis para entrega em maio fecharam a 18,38 centavos de dólar.

A Organização Internacional do Açúcar informou que os estoques mundiais provavelmente superaram a demanda num volume recorde de 10 milhões de toneladas na safra que terminou segunda-feira. Esse excedente tende a cair expressivamente no novo ciclo.

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